segunda-feira, 25 de abril de 2011

Sobre a Peça

O texto, inédito no Brasil, encantou o cineasta Luiz Villaça, que assistiu à montagem pela primeira vez em Londres em agosto do ano passado. “Sem Pensar tem uma carpintaria moderna, enxuta e com tema atual. Apresenta um frescor tal qual sua autora, que tem apenas 17 anos. As cenas acontecem num ritmo muito particular. Toda a ação é realista e até cinematográfica, mas o ritmo da dramaturgia é um grande diferencial na peça. Tudo é cinematográfico e teatral ao mesmo tempo. Todos esses ingredientes me fascinaram.”, relata Villaça que faz sua primeira incursão como diretor teatral.

Foto: Willy Biondani
Delilah é uma menina que, às vésperas de completar 13 anos, está prestes a ter seu primeiro caso de amor com Daniel, um rapaz muito mais velho que aluga um quarto em sua casa. Às voltas com um casamento em crise, seus pais, Vicky e Nick vivem dando um show de cegueira em hilárias discussões e não percebem nem o que acontece com a filha adolescente, descobrindo sua sexualidade, muito menos o drama, quase tragédia, que toma conta do rapaz em conflito entre o desejo e a moral. A situação piora com a chegada de Carol, namorada de Daniel, criando um impressionante vaudeville dramático e cômico ao mesmo tempo. Uma carpintaria teatral perfeita e concisa, de extrema compreensão humana, realmente inacreditável para uma jovem autora de apenas 17 anos.

A peça de Anya Reiss, entre outras coisas, abre ainda uma grande discussão sobre a maturidade. A adolescente imatura em sua atitude romântica dá aula de maturidade a seus pais num desfecho surpreendente.

Denise Fraga vive Vicky e Kiko Marques é Nick, pais de Delilah, interpretada pela jovem e talentosa atriz Julia Novaes. Daniel é vivido por Kauê Telloli e Carol por Virgínia Buckowski.

O elenco se completa com mais três jovens atrizes que participaram de workshops e intensa preparação. Elas interpretam as amigas de Delilah e apimentam ainda mais os tumultos que rondam sua mente. Ana G é interpretada por Isabel Wolfenson, Natalia por Verônica Sarno e Ana M por Paula Ravache.

“Quando vimos Sem Pensar em Londres saímos do teatro em alvoroço. Entre risos, silêncios e reações verbais da plateia, o texto da jovem inglesa Anya Reiss era mesmo de tirar o fôlego e fazia juz a tudo que a imprensa londrina andava falando sobre ele. O ritmo de sua escrita criava uma cadência alucinada para questões absolutamente reconhecíveis do dia a dia familiar, nos fazendo ver o quanto risíveis e absurdos podemos ser em nossa cegueira cotidiana.”- conta Villaça, animado com o projeto.

Denise Fraga completa: “Não sei exatamente dizer o que mais me cativou na peça. Tenho fascinação pela comédia dramática. Acho que quando o Teatro nos faz rir de nossas emoções e paixões, nos ajuda a compreendê-las melhor. O texto é absolutamente divertido, mas ao mesmo tempo saímos do teatro pensando como somos ridículos, como poderíamos resolver melhor as charadas que a vida nos propõe. Divertir para fazer refletir, eis o que me encanta como atriz.
Vicky é uma mulher que já entrou em um padrão de irritação com o básico do cotidiano. É como se tivesse uma TPM crônica. Ama Nick, seu marido, mas ao mesmo tempo não consegue conter as flechas que saem de sua boca em direção a ele. Vivem numa discussão em espiral, brigam para fazer as pazes e fazem as pazes para poder brigar de novo. Quantos casais não conhecemos assim? Mas poucos sabem fazer isso com o humor com que Anya Reiss envolve esta clássica situação.

Nossos ensaios tem sido riquíssimos. Tenho como parceiro Kiko Marques, grande ator e companheiro de longa data e vamos nos afiando dia após dia neste instigante ping-pong. Os inúmeros testes e workshops nos fizeram conhecer o trabalho de Julia Novaes e esta moçada talentosíssima com quem vamos contracenar.
É um privilégio estar sendo dirigida pelo Luiz mais uma vez e tanto mais agora por estarmos no palco, este mágico e sagrado terreno.
Acho sempre que parte do sucesso de uma peça vem da necessidade, da vontade enlouquecedora de contar uma história. A simples paixão por passar adiante uma ideia que te arrebatou o coração. Foi isso, sem dúvida, que nos levou a encenar Sem Pensar e não vejo a hora de ver o público sentir o que sentimos quando tivemos contato com o texto."

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